Entendemos a necessidade
que o Coletivo tenha um Programa que o caracterize durante a luta, contendo sua
estrutura, direcionamento e meios de ação. Mais que uma simples estrutura
organizativa, o programa será o reflexo da totalidade dos anseios dos
militantes de nosso grupo e também o direcionador de nossas ações.
Através desse Programa
teremos clareza quanto às estratégias do nosso grupo e as táticas que
utilizaremos para alcançá-las. Além disso, teremos uma identidade clara que
permitirá que as pessoas conheçam mais facilmente nossas idéias e possam se
juntar às nossas lutas.
Diante do aprendizado
continuo do grupo, esse esboço não deve ser entendido como uma versão final do
que será o direcionador de nossas lutas, mas como uma etapa da concretização de
nossas idéias, objetivos e finalidades. É necessário, assim, o aperfeiçoamento
dessas construções na medida em que avançamos na experiência e no conhecimento
teórico, através do estudo.
Quem somos
Somos um Movimento
Estudantil combativo, de luta; que defende uma Universidade pública, gratuita, de
qualidade, socialmente referenciada, de caráter transformador e que cumpra seu
papel social. A auto-representação e a necessária ocupação
permanente no espaço
dentro e fora da Universidade compõem nossas ações. Buscamos a
democratização da
informação e dos espaços e para tanto, devemos ser um coletivo autônomo, sem filiação político-
partidária, tendo resguardado o direito de seus membros de se filiarem, desde
que respeitem as decisões desse coletivo.
Princípios
1. Enquanto indivíduos conscientes da
realidade, imposta pelo capitalismo, temos plena consciência da constante luta
de classes que é travada em seu seio. Nesse sentido, nos posicionamos ao lado
dos trabalhadores e contra a burguesia que explora, oprime e mantém dominado
todo o proletariado em nome do capital e do lucro;
2. Consideramos a autonomia e a
independência ideológica, política e financeira, indispensáveis para a
manutenção de um Movimento Estudantil combativo.
3.
Acreditamos na horizontalidade,
onde todas as
pessoas envolvidas no Movimento Estudantil têm o mesmo poder de decisão, o mesmo direito de voz, a liderança
nata e sejam responsáveis pela organização causando, desse modo, a descentralização da ação.
4. Diante da exploração constante na
sociedade capitalista, nossa mobilização tem caráter permanente. Atuamos
através da ação direta, com o apoio a greves, ocupação de prédios públicos,
paralisações, etc.
5.
Somos contra qualquer tipo de
opressão, seja ela de gênero e sexualidade, etnia, cultural, linguística, entre outras. Combatendo-as dentro e fora do nosso
próprio coletivo.
6.
Somos contra verticalização do
movimento estudantil, onde só participa quem foi eleito, tem um partido ou pode
votar.
Objetivo Geral
Diante dos efeitos nocivos do capital na
educação, precisamos internalizar em nossas consciências o papel de resistência
contra esses ataques. Nossa luta deve ser em defesa de uma Universidade
gratuita, pública, de qualidade, com garantias plenas e igualitárias de acesso
e permanência. Uma Universidade que visa à emancipação humana, baseada em
valores de solidariedade, liberdade, respeito às diferenças, a serviço da
classe trabalhadora, por isso, combatemos as práticas governistas que buscam
destruir esse ideal de universidade, com suas políticas de privatização,
terceirização, expansão sem qualidade, entre outras.
Contestamos toda forma de
reformismo, governismo ou burocracia, mecanismos usados pela Burguesia para
manter a exploração e a dominação da classe trabalhadora. Valorizamos a cultura,
sua divulgação e desenvolvimento, combatendo sua degeneração.
Objetivos específicos
A qualidade das aulas, o
currículo dos cursos, a emenda das disciplinas, o acervo bibliográfico
disponível, a infra-estrutura das salas de aula, laboratórios, auditórios,
biblioteca e demais espaços; condições necessárias para a realização das aulas
práticas, o orçamento e a estrutura organizacional da universidade, os
problemas econômicos, sociais e ambientais de nossa região são fatores que
permearão e fomentarão nossas ações. As discussões relativas a esses pontos,
além de muitos outros, são fundamentais para que uma universidade seja
democrática e para que contribua de fato para a formação de cidadãos
conscientes e críticos capazes de compreender a realidade e de intervir para
transformá-la.
A falta de discussão constitui um forte
indício de que a Universidade não está contribuindo de forma satisfatória para
a formação de indivíduos com as qualidades supracitadas, além de não possuir um
funcionamento democrático.
Estimulamos a realização
de estudos e discussões acerca das questões concretas que permeiam nossa
realidade, e acreditamos que através da articulação entre os diferentes saberes
existentes na Universidade podemos contribuir para a sua transformação.
Metodologia
Para se alcançar a base,
fortalecê-la e prepará-la para luta, realizaremos determinadas ações: formação
política contínua dos militantes, posto que um coletivo preparado é capaz de
intervir melhor na Universidade e traçar estratégias eficazes de dialogo e
conquista da base. Deve trabalhar no intuito de desenvolver novas
habilidades de seus membros, bem como servir para aperfeiçoar as que já existem.
Ocupação dos espaços
institucionais, que permite uma melhor mobilidade e condições objetivas de luta
dentro da Universidade, já que a burocracia é um dos grandes impedimentos que
perpassam a sociedade.
Formação de grupos de discussão (GD's), a fim de fomentar a discussão,
sendo assim qualquer um poderá participar e construir coletivamente. É importante
que haja a socialização do que foi discutido, de acordo com as deliberações de
cada GD.
Intervenções lúdicas, de caráter informativo, buscando sempre o
diálogo. Construção
de aulas públicas, oficinas e vivências com temas de interesse da comunidade
acadêmica.
Promoção do diálogo com a base, através de
ações de divulgação e discussão, e com as demais instituições e organizações de
luta das Universidades, especialmente em nosso Estado, por exemplo, através do
Fórum dos discentes das Universidades Estaduais da Bahia (UEBA’s).
Buscamos sempre o consenso, quando não for possível, adotaremos a
votação como método decisório. As deliberações serão encaminhadas por equipes
formadas nas reuniões, e
estas não terão poder para modificar as decisões do coletivo.
Portanto,
para que tenhamos um coletivo de fato estruturado, capaz de agregar e se
expandir com qualidade, consideramos imprescindível consolidarmos uma estrutura
organizativa através de alguns pontos:
1.
Comissões
definidas para execução de tarefas. (ANEXO 1)
2.
Reuniões
periódicas que acompanhem a necessidade da tomada de decisões, bem como a
formação dos militantes;
3.
Registro
das reuniões em atas ou relatorias, pois esse mecanismo permite o repasse aos
componentes do Coletivo que não puderem participar das reuniões, bem como serve
como um meio de preservação e análise das decisões, encaminhamentos e reflexões
passadas;
4.
Desenvolver
a organicidade do grupo, através da cobrança mútua do respeito aos horários,
desempenhos de atividades e respeito aos demais companheiros do coletivo.
Justificativa
Estamos vivendo um período
histórico, no qual, diariamente sentimos e percebemos o acirramento do modo de
produção capitalista. Concomitantemente a pobreza e exploração humana vêm
crescendo vertiginosamente, a degradação cada vez mais acelerada do meio
ambiente vem nos colocando a beira de um colapso natural e as riquezas
produzidas estão, como nunca, concentradas nas mãos de pequenos grupos.
A
dominação capitalista se dá em diversos âmbitos da esfera social e na educação,
particularmente, essa dominação interfere de forma cruel, no ensino, na
qualidade desse ensino e nos sujeitos que interagem nesse meio.
A educação possui, no mínimo, duas funções vitais para alicerçar qualquer sistema de produção: ela baseia ideologicamente e qualifica tecnicamente o individuo para a atuação, reprodução e manutenção da estrutura social vigente.
As duas ultimas décadas foram decisivas na consolidação do Brasil como um país capitalista-globalizado, e isso gerou no nosso sistema educacional impactos preocupantes.
A educação possui, no mínimo, duas funções vitais para alicerçar qualquer sistema de produção: ela baseia ideologicamente e qualifica tecnicamente o individuo para a atuação, reprodução e manutenção da estrutura social vigente.
As duas ultimas décadas foram decisivas na consolidação do Brasil como um país capitalista-globalizado, e isso gerou no nosso sistema educacional impactos preocupantes.
A mercantilização da educação (e
de forma mais agravada no nível superior) afundou a qualidade de ensino,
pautando a formação no mero tecnicismo para atender as demandas de mão-de-obra
do mercado. O número de instituições privadas de ensino superior só cresce, sem
uma preocupação com a qualidade da formação dos sujeitos.
Na esfera pública, as instituições vem sofrendo um processo contínuo de sucateamento. Corte de verbas públicas e inserção de capital privado (e muitas vezes estrangeiro), aliados à clara tentativa de naturalização e repressão política estudantil nas universidades públicas, são mecanismos que o Estado vem lançando mão para garantir o total controle do capital sobre o sistema educacional brasileiro.
Na esfera pública, as instituições vem sofrendo um processo contínuo de sucateamento. Corte de verbas públicas e inserção de capital privado (e muitas vezes estrangeiro), aliados à clara tentativa de naturalização e repressão política estudantil nas universidades públicas, são mecanismos que o Estado vem lançando mão para garantir o total controle do capital sobre o sistema educacional brasileiro.
Dessa forma faz-se urgente a
organização estudantil, com direção e base afinadas, dialogando, debatendo
sobre os problemas que afligem nossa educação. A necessidade do trabalho de
base, das formações políticas, se coloca objetivamente quando observamos a
apatia do Movimento Estudantil, por mais agravada que esteja a conjuntura. A
correlação de forças anda há muito desfavorável: não temos direito a voz em
conselhos, não há proporcionalidade de votos nas instancias deliberativas das
Universidades, bem como passamos por uma crise de representação (pois
deliberadamente as direções e entidades estudantis não dialogam com sua base e
nem mesmo são cobradas por isso, e quando são, rechaçam, criminalizam, e
desqualificam o debate).
O Coletivo Mobiliza se propõe a essa reflexão da conjuntura, aliada a construção COM A BASE ESTUDANTIL, de espaços democráticos, pautados na horizontalidade, que fomentem o diálogo e o debate, bem como ações que visem a superação das lutas que se emergenciam.
O Coletivo Mobiliza se propõe a essa reflexão da conjuntura, aliada a construção COM A BASE ESTUDANTIL, de espaços democráticos, pautados na horizontalidade, que fomentem o diálogo e o debate, bem como ações que visem a superação das lutas que se emergenciam.
Conclusão
O principal objetivo do
coletivo deve ser a articulação com a base.
Não necessariamente como direcionadora de ações, mas especialmente como
estimuladora de uma consciência política critica, capaz de criar o diálogo e o
questionamento dialético da realidade efetiva.
O coletivo não deve ter um
fim em si mesmo, acreditamos que seu principal papel é o estímulo ao
amadurecimento da Universidade para a luta, e para isso é imprescindível
construir uma base, agregar os reais interessados em melhorias e transformações.
Ilhéus, 30 de novembro de 2011.
ANEXO
1
COMISSÃO
|
FUNÇÃO
|
Comunicação
|
Realizar a comunicação internamente, com a base e com as demais
entidades. Além disso, é sua responsabilidade o registro documental e histórico das atividades do Coletivo.
|
Finanças
|
Pensar em meios de financiar as
atividades do coletivo.
|
Mobilização
|
Promover a mobilização permanente
dos integrantes do coletivo, visando a participação efetiva e o cumprimento
das tarefas. Elaborar místicas e atividades de agitação.
|
Formação Política
|
Propor e facilitar a realização de
atividades de formação política.
|